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A terapia intravenosa em recém-nascido, criança e idoso




Sabemos, que os recém-nascidos, principalmente os prematuros e com malformações, permanecem em internação prolongada, necessitando de um acesso venoso seguro. Deve-se destacar a imaturidade de seus sistemas e órgãos, o que origina maior sensibilidade à dor.

Portanto, o cuidado de recém-nascidos, crianças e idosos requer do enfermeiro habilidades técnicas e competências para a realização da terapia intravenosa segura, tais como:

- Conhecimento da condição geral da rede venosa;


- Conhecimento da condição hemodinâmica do paciente;

- Conhecimento da natureza do líquido a ser infundido;

- Capacidade de realizar a seleção anatômica das veias periféricas;

- Rapidez na identificação das complicações associadas ao acesso venoso.

Você percebe o tamanho da sua responsabilidade?

Para a segurança da Terapia Intravenosa (TI) em Neonatologia, Pediatria e Geriatria é fundamental que você, enfermeiro, tenha amplo conhecimento de: anatomia, fisiologia, padrões de crescimento e desenvolvimento e da avaliação de seu nível cognitivo. Nesses grupos, a participação da família é importante. Fique atento!

Devemos ressaltar que o cálculo para a infusão da terapia intravenosa é baseado, geralmente, na idade, altura, peso ou área da superfície corporal. Além disso, deve-se levar em consideração os mecanismos de regulação homeostática, principalmente a reposição de água e eletrólitos.

Evite sempre os acidentes mantendo um nível elevado de concentração no preparo e na execução do procedimento!

A capacidade para manter a regulação do equilíbrio ácido-básico é menor em recém-nascidos do que em crianças maiores e nos idosos. Por isso, as indicações, ações, interações, reconstituição, diluição e tempo de infusão dos medicamentos também devem ser considerados, assim como, os dispositivos e acessórios da terapia intravenosa específica para recém-nascidos, crianças ou idosos.

Lembrando, que no período neonatal, devemos usar preferencialmente as veias metarcapianas, ou seja, arco venoso dorsal.

É claro que você deve conhecer os grupos de veias mais utilizados em Neonatologia, mas vale a pena relembrar:

- Veias membros superiores: basílica, cefálica, cubital mediana, mediana antebraqueal. A veia axilar deve ser evitada por risco de punção acidental da artéria axilar.

- Veias membros inferiores: veia safena magna, parva e suas ramificações, arco dorsal venoso, veia marginal mediana e poplítea.

- Veia região cefálica: veia temporal superficial e veia posterior auricular, veia jugular externa.

As veias axilar, femoral e a poplítea requerem maior habilidade na punção. As veias periféricas de maior utilização são, geralmente, as veias do arco dorsal da mão, cefálica e basílica dos membros superiores.

Outro destaque significativo é a utilização de tecnologias avançadas que possibilitem a visualização da rede venosa. Por exemplo, o sistema de transluminação (venoscópio IV) e o equipamento de ultrassom vascular com Doppler.

Além dos cuidados específicos em TI, o enfermeiro também deve levar em consideração os aspectos culturais e religiosos da criança, do idoso e de sua família. Esclarecer o porquê da punção venosa, reforçando a necessidade de realizá-la, informar sobre os riscos e benefícios da terapia infusional para a família, isso faz grande diferença na adesão ao tratamento.

É importante explicar aos pais e/ou familiares o que se pode fazer para proporcionar conforto, utilizando medidas não farmacológicas durante o procedimento da punção venosa, além de minimizar a dor, fortalece o vínculo de confiança com o profissional.

Sendo assim, devemos manter o recém-nascido, a criança ou o idoso em um ambiente acolhedor, livre de ruídos e luminosidade intensa, respeitando o ciclo de sono e vigília, proporcionando atendimento, o mais individualizado possível. Convém saber se o cliente apresenta risco para algum tipo de alergia (uso de antisséptico, látex ou algum medicamento). Nesse caso, o enfermeiro deverá implementar precauções, de acordo com protocolos da instituição e o consenso com os profissionais da equipe.

Além desses cuidados, o enfermeiro deve promover e estimular a participação do cliente, estar atento à seleção da veia a ser puncionada, evitando punção no membro dominante do paciente. Dessa forma, o procedimento deve ser realizado com mais de uma pessoa presente, podendo ser um membro da equipe de enfermagem ou um familiar, respeitando sempre o desejo em participar desse momento.

Neste pensar, o enfermeiro deverá explicar ao familiar os sinais e sintomas que podem indicar a necessidade de troca de cateter da região da punção venosa, após a instalação do cateter original. Priorizar a inserção de cateteres intravenosos periféricos em locais distantes de articulações, preferencialmente nas veias do antebraço.

Caso os cateteres tenham sido inseridos próximos às articulações, deve-se imobilizar a extremidade com uma tala ou faixa compressiva autofixante (laváveis ou descartáveis) para evitar a remoção acidental. Em crianças menores, pode-se cobrir a área de punção com tela cirúrgica, mantendo-as fora de seu campo de visão.

Lembro, ainda, que na impossibilidade de se conseguir um acesso venoso periférico, no momento da reanimação da criança, podemos utilizar outras vias, tais como: a via endotraqueal ou a via intraóssea (terço proximal da tíbia).

Os cuidados em TI, ressaltados até agora, nos remetem à importância, cada vez maior da sua atuação.

Anotar local de inserção do cateter, tipo, calibre, material do cateter, número de tentativas de punção (até duas por profissional); curativo utilizado, necessidade de imobilização do membro, comportamento do cliente durante procedimento e a participação da família. Portanto, fique atento e registre!

Outro destaque significativo indica que o enfermeiro deve evitar a inserção de cateteres intravenosos periféricos em região cefálica. A escolha das veias dessa região é frequentemente traumática para os familiares, uma vez que a tricotomia (ou retirada de pelos) pode ter um significado cultural e religioso.

O enfermeiro deve estar atento para administração de medicamentos e soluções com extremos pH e osmolaridade acima de 500 mOsmol/L nas veias do arco da mão e do pé, para prevenir riscos de extravasamento.

Além disso, faz parte do cuidado de enfermagem evitar o uso de fitas adesivas na fixação de talas para imobilização dos membros que impeçam a visualização do sítio de inserção do cateter e a detecção de complicações associadas a TI.

Lembrando que, somente em situações extremas de impossibilidade de punção venosa periférica, pode-se realizar coleta pelo cateter central.

Vejamos agora que alguns cuidados são específicos para os recém-nascidos.

Cateter Venoso Umbilical: recomendações e cuidados

realizar diariamente o curativo do local de inserção com solução antisséptica que não contenha iodo;

não há necessidade de manter curativo oclusivo, somente no caso de sangramento;

a fixação do cateter geralmente é feita com pontos de sutura ou com ponte de fixação do dispositivo;

uso de hidrocoloide nas laterais do coto umbilical para proteção da pele ao redor do local em que será realizada a ponte de fixação do cateter.

Fique atento aos seguintes cuidados!

Observar o posicionamento do cateter para a colocação da fralda do RN abaixo do sítio de inserção. Observar os sinais de complicação. A mudança na coloração dos membros inferiores pode indicar a ocorrência de vasoespasmo, que compromete o sistema vascular.

Os RN, com peso menor que 2.500 g ao nascer, devem receber cateter umbilical venoso para preservar a pele. Esse cateter venoso umbilical deve ser mantido, no máximo, por 14 dias, exceto em casos de complicações.

O cateter arterial deve ser retirado quando houver isquemia persistente do membro inferior, na suspeita de enterocolite necrosante, de insuficiência renal, na presença de obstrução total ou parcial do cateter ou quando não houver mais necessidade de colheitas repetidas de amostras de sangue arterial.

Alguns medicamentos não devem ser infundidos pelo cateter umbilical arterial, tais como: adrenalina, cloridato de dopamina, cloridato de dobutamina, fenobarbital endovenoso, gluconato de cálcio, NaCl a 3% e soluções lipídicas, pois podem causar vasoespasmo, irritação do tecido arterial, formação de coágulos e consequentemente necrose arterial.

A administração de hemocomponentes e/ou hemoderivados não deve ser realizada. O cateter umbilical arterial deve permanecer no local por até 5 dias, e ser retirado tão logo seja possível, ou se observado sinal de insuficiência vascular nos membros inferiores.



Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/a-terapia-intravenosa-em-recem-nascido-crianca-e-idoso/55810

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